4.10.07

‘Que fique claro: eu não sou o Capitão Nascimento’, diz Wagner Moura

Com olheiras profundas e fala lenta, Wagner Moura não esconde o cansaço. Poucos dias depois de protagonizar o final de “Paraíso tropical”, em que fez grande sucesso como o vilão Olavo, o ator baiano volta ao centro das atenções por conta do lançamento do filme “Tropa de elite”, que estréia nesta sexta-feira (5).
O ator de 31 anos afirma que não se impressiona com a fama, mas que se irrita quando é comparado a seu personagem no longa-metragem. “Quero que isso fique claro, eu não sou o Capitão Nascimento. Essa confusão tem me incomodado”, diz. “Minha intenção nunca foi de fazer apologia à violência nem à repressão.”
Assins, eu IA SUPER colar uma foto do Capitão Nascimento e escrever embaixo algo como: ~Se falar isso de novo, eu vou te BOTÁ NO SACO, seu mauricinho de merda...!
Mas, entretanto, todavia, contudo, continuei lendo a reportagem e:
Como é ser visto pelo público como um herói na imagem do Capitão Nascimento?
Wagner Moura - Tem havido uma identificação grande por parte de algumas pessoas com o Capitão Nascimento. Não posso controlar a forma como as pessoas vêem o filme. Tem gente que acha que a solução para a questão da segurança pública é o confronto e a repressão. Eu não concordo com isso. Não tenho esse pensamento de direita. O que existe é uma confusão entre os personagens e os realizadores do filme. Minha intenção nunca foi de fazer apologia à violência nem à repressão. Eu assisto ao filme e acho uma tragédia aquele policial, pai de família, tentando sair dali, lidando com a violência todos os dias, entrando em favela e matando um monte de pessoas, torturando. Eu vejo o filme desse jeito, mas é lícito que outras pessoas vejam de outra forma.
Continuando, depois que eu li isso, assim, fiquei sem graça de sacanear o cara. Não é qq um que tem os necessários COLHÕES de jogar a verdade nua e crua, na cara dura.
Como você tem recebido essas reações?
Wagner - Comecei a ficar mexido quando começaram a sair artigos na imprensa dizendo que o filme era fascista. Não foi esse o filme que eu fiz. Eu entrei num projeto que pretendia mostrar o olhar do policial, que é importantíssimo. Todos os policiais que conheci durante o treinamento são da maior integridade, mas são pessoas que acreditam que a solução é entrar na favela e deixar corpo no chão. Eu não concordo, acho que a solução para a violência é investimento nas áreas carentes, é diminuir a desigualdade social. Eu acho primário e bobo confundirem a visão do personagem com a minha.
Isso te incomoda?
Wagner - Sim, isso me incomoda. As pessoas podem ver o personagem como quiserem, mas me incomoda que me identifiquem com essa visão dele. Eu não compactuo com esse ponto de vista, eu não sou o Capitão Nascimento. Quero que isso fique claro, eu não sou o Capitão Nascimento. Essa confusão tem me incomodado sim.
Eu assisti o filme piratão. No google vídeos, até. Não me arrependi, e pretendo vê-lo no cinema. Prestigiar o cinema nacional é dar impulso pra que outras produções aconteçam. No entanto, assisti o filme com a mesma ótica que o Wagner tem: policiamento não é SOLUÇÃO. Fui chamada de patricinha de merda que compactua com o tráfico.
Porque, "como assim vc dizer que o Governo deveria liberar as drogas? Vc é louca?".
É, pelo visto, não sou a única.
E porra, uma salva de palmas à Wagner Moura.

Nenhum comentário: