Eu sempre amei muito os animais. Todos eles. Sempre tive muita vontade de tê-los em casa, mas enquanto ainda morava com meus pais, isso era inviável, já que eles não queriam um.
Muitos animais passaram em minha casa, no entanto, nunca permaneceram.
Até que me apareceu Salém, um gato preto cheio de personalidade e problemas comportamentais. Infelizmente, minha compreensão de como DEVERIA ser O COMPORTAMENTO de um gato não correspondia à realidade, porquê como muitos fazem por aí, eu apenas RESOLVI criá-lo, sem no entanto, coletar informações, procurar um veterinário, etc. Em minha imaturidade e impáfia (inerentes a qualquer ser humano), as vezes impunha ao pobre Salém castigos dos quais ele simplesmente não deveria ser vítima, por estar agindo como outro gato qualquer agiria.
Hoje reconheço e me arrependo tremendamente pelo que fiz com Salém algumas vezes. Eu o amava, hoje tenho certeza, mas o meu amor não era sadio, como a maioria de alguns “donos” de animais de estimação...
Quando saí de casa, e exatamente à uma semana do meu aniversário, recebi outro grande presente peludo: Peter, cara de paçoca. Eu o chamo de cara de paçoca porque ele tem cara de paçoca. Peter é “vira lata”, foi adotado, e é tão doce, tão meigo e generoso, que me fez repensar minhas atitudes com relação à criação de animais.
Eu NUNCA consegui levantar a mão pro Peter, mesmo quando ele urinava pela casa no auge do surto causado pelo BOOM de hormônios. Também me tornei responsável por Vitória, que também foi adotada (já castrada) e sua razão de ser era fazer companhia ao Peter, que sempre foi muito carente. Também porque ao ser criado em casa de humanos, ele estava adquirindo personalidade humana, e esquecendo seu lado gatinho. Vitória fez esse resgate, ensinando a ele como ser gatinho de novo...
Enfim, e o que isso tem a ver com o fato de me tornar vegetariana?
Tudo, eu respondo.
Porquê, como posso ser pró-adoção, contra o uso de animais em circos, ser filiada ao PETA e pró- respeito e dignidade aos animais, e ir à um restaurante e pedir um enorme “bife”, sangrando, comer tudo, e ficar sem nenhum peso na consciência?
Ora, então gatos e cachorros são dignos da minha empatia, mas PORCOS, FRANGOS, GALINHAS E VACAS não?
Tudo mudou quando eu vi esse vídeo:
Meet your Meat.
Muitos podem pensar: isso é TERRORISMO do PETA, loucura de ecochato!! Mentira, e quem pensa assim mente pra si mesmo. O que este vídeo contêm são cenas de uma realidade , através de uma convenção social muda, achamos por bem ser ESCONDIDA. Ora, porque pensar que aquele hanburger já foi um pedaço da musculatura de UMA VACA, que foi morta cruelmente, talvez com um tiro na cabeça, ou um corte profundo na jugular? Não, apenas pensamos no hamburger, como se ele nascesse em árvores, e sua forma inicial e final fosse aquela.
Como Paul McCartney diz , "se os abatedouros tivessem paredes de vidros, poucos comeriam carne".
É ESSA A REALIDADE QUE NOS É ESCONDIDA por trás da imagem de uma simpática vaquinha, no anúncio de grandes comerciantes de carne. E o franguinho da Sadia, hein? Tão bonitinho com aqueles óculos e tal...Acontece que o TAL franguinho passa por tratamentos e meios CRUÉIS durante toda sua vida e até na hora da morte, indigna de qualquer ser nesta face da TERRA.
A verdade é aquela do vídeo. Porque é difícil para você e eu entendê-la? Porque fomos criados acreditando que porquinhos, vaquinhas, franguinhos e peixinhos FORAM CRIADOS POR DEUS pra nos servirem de comida.
-Mas e os cachorrinhos, mamãe?
-NÃO, meu filho. O cachorrinho é SEU AMIGUINHO, você não deve comê-lo...
Ao assistir a realidade chocante de “Meet your Meat”, você cai em si, e percebe que seu amor aos animais é totalmente questionável quando se é consumidor de carne. Ao assistir o porco sendo morto com uma pedrada na cabeça, e logo em seguida “estrebuchar” até a morte, o senti “estrebuchando" dentro de mim, e tive vontade de vomitar até a alma, até que nenhum resquício de carne restasse. Mas limpar a consciência é coisa mais complicada de se fazer do que simplesmente “vomitando” tudo. A “carne” pode sair, mas a consciência de ter feito parte por muitos anos desse assassinato em massa, é que acaba com a paz de espírito do cidadão.
Como mudar de visão?Como não enxergar mais essa vaquinha como bifinho, esse porquinho como presuntinho, e esse franguinho como assado?
Simples. Isso não É CARNE. Isso é UM CADÁVER. Um ANIMAL MORTO. Um ser que MORREU, de forma cruel, com medo, acuado, com altas doses de adrenalina na corrente sanguínea, que apenas queria ser livre, assim como você.
Parar de enxergar o animal como comida, e encará-lo por seu semelhante. Ele, basicamente, e por instinto, almeja nada mais, nada menos do que VOCÊ almeja: nascer, sobreviver, crescer, se reproduzir e seguir com o curso de sua vida, até o dia da morte.
Façamos de forma diferente com nossos filhos, apresentando a eles essa compreensão de que animais têm tanto direito à vida quanto nós mesmos. Essa idéia é tão SIMPLES e CLARA quanto a água.
Por todas estas razões, eu optei por SER VEGETARIANA.
Fica aí a dica.
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